domingo, maio 31, 2009

O Tejo Corre no Tejo


Lisboa 2009

Tu que passas por mim tão indiferente
no teu correr vazio de sentido.
na memória que sobes lentamente,
do mar para a nascente,
és o curso do tempo já vivido.

Por isso, à tua beira se demora
aquele que a saudade ainda trespassa,
repetindo a lição, que não decora,
de ser, aqui e agora.
Só um homem a olhar para o que passa.

Não, Tejo,
não és tu que em mim te vês,
sou eu que em ti me vejo!

Tejo desta canção, que o teu correr
não seja o meu pretexto de saudade.
Saudade tenho sim, mas de perder,
sem as poder deter,
as águas vivas da realidade!

Não, Tejo,
não és tu que em mim te vês,
sou eu em ti que me vejo!

Alexandre O'Neill

2 comentários:

teresinha disse...

até merece um fado!
beijinho

ara disse...

nunca tinha lido com atenção este poema e reconheço agora que é lindo como o tejo e pode ser lido tantas vezes como as que contemplamos espantados este rio unico e todos os dias diferente